Descoberta abre caminho para barrar transmissão da malária no Brasil

22 de novembro de 2019

Maria Fernanda Ziegler, de Lyon | Agência FAPESP – As bactérias que formam a microbiota intestinal influenciam processos importantes do organismo humano, como digestão, absorção de nutrientes e defesa contra patógenos. O mesmo tipo de relação está presente na maioria dos animais, inclusive no mosquito Anopheles darlingi, principal vetor da malária no Brasil.

No caso desse inseto, a composição da microbiota intestinal parece determinar a suscetibilidade à infecção pelo Plasmodium vivax – espécie responsável por 90% dos casos de malária no Brasil. Ou seja, quando o mosquito pica um humano doente, ocorre uma interação entre o parasita e as bactérias intestinais do inseto que é crucial para a continuação do ciclo de transmissão da doença.

Esta é a conclusão de um estudo conduzido na Universidade Estadual Paulista (Unesp) que será apresentado nesta sexta-feira (22/11) em Lyon, na França, durante o simpósio FAPESP Week France. Segundo os pesquisadores responsáveis, a descoberta permite pensar em estratégias para bloquear a transmissão da malária no vetor.

“Descobrimos que, no intestino do Anopheles, a carga parasitária tem influência na composição da microbiota e vice-versa. Após investigar a relação parasita-bactéria mais a fundo, integrando dados da composição da microbiota a análises genéticas referentes à imunidade do mosquito, pretendemos realizar estudos de silenciamento de genes. O objetivo é desenvolver mosquitos imunes ao Plasmodium vivax, ou seja, que não se infectam e, consequentemente, não transmitem o parasita para os humanos”, disse Jayme Augusto de Souza-Neto, professor do Departamento de Bioprocessos e Biotecnologia da Faculdade de Ciências Agronômicas da Unesp de Botucatu e coordenador do projeto apoiado pela FAPESP.

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