Focos de barbeiro na cidade de São Paulo

28 de novembro de 2019

Carlos Fioravanti | Pesquisa FAPESP — Depois da serem identificados em municípios da Grande São Paulo, insetos barbeiros foram encontrados na capital paulista. O barbeiro é o transmissor do protozoário Trypanosoma cruzi, causador da doença de Chagas. Um foco foi achado no parque da Água Branca, na zona oeste da cidade; outro no zoológico, na zona sul. Segundo técnicos da Superintendência de Controle de Endemias (Sucen), o risco de infecção para seres humanos é baixo.

No parque, uma equipe da Sucen encontrou colônias com ninfas e adultos de Panstrongylus megistus sob as telhas em que dormem as cerca de mil galinhas mantidas no local. “As aves são refratárias à infecção, mas servem de alimento aos insetos transmissores”, observa o biólogo Rubens Antonio da Silva, pesquisador científico e coordenador técnico do programa de controle de doença de Chagas da Sucen.

A situação no zoológico foi delineada em uma dissertação de mestrado realizada pela veterinária Suelen Ferreira, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) do Rio de Janeiro e concluída este ano. Ela coletou 11 barbeiros da espécie P. megistus, a que mais preocupa atualmente por ser capaz de viver tanto em matas quanto em espaços domésticos, e dez deles estavam infectados com o protozoário T. cruzi.

Em 25 dos 106 animais de cativeiro examinados – principalmente macacos, entre eles o mico-leão-de-cara-dourada (Leontopithecus chrysomelas) – foram detectados sinais de contato com parasitas dessa espécie. T. cruzi foi encontrado também em 33 dos 66 mamíferos de vida livre – como gambás, roedores e macacos – que vivem soltos nas matas vizinhas.

“É fundamental acompanhar a saúde animal e compreender seus padrões de infecção como forma de melhorar sua qualidade de vida e prevenir a transmissão de parasitas”, concluiu Ferreira em seu estudo. O zoológico, segundo o veterinário Fabrício Rassy, chefe da Divisão de Veterinária, está acompanhando os animais. “Não encontramos nenhum sinal clínico da doença entre eles”, diz.

Macacos e cães podem desenvolver a doença com complicações cardíacas, decorrentes da resposta do organismo contra o parasita. Mas, em geral, os mamíferos, incluindo morcegos, roedores e felinos, funcionam como reservatórios de T. cruzi, podendo transmitir para outros animais e para o ser humano se forem picados por barbeiros.

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