Maria Fernanda Ziegler | Agência FAPESP – Estudos recentes sugerem que a prática regular de exercícios físicos pode estar associada à redução de hospitalização por COVID-19 (leia mais: agencia.fapesp.br/34659/). No entanto, para indivíduos que desenvolvem a forma grave da doença, a proteção conferida pelo exercício físico deixa de funcionar, não resultando em diferenças no tempo de internação, na necessidade de ventilação mecânica ou de tratamento intensivo.
Foi o que mostrou uma pesquisa com 209 pacientes com COVID-19 grave internados no Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP) e no Hospital de Campanha do Ibirapuera, na capital paulista. Os resultados indicam que o fato de os pacientes terem o hábito de se exercitar regularmente antes da internação não foi determinante para o melhor enfrentamento da doença.
“Esse estudo serve como um sinal amarelo para a população que se exercita com regularidade e, por isso, acredita estar totalmente protegida. Não encontramos diferença de prognóstico e desfecho da doença entre os pacientes graves mais ou menos ativos. Isso mostra que os benefícios da atividade física existem, mas aparentemente vão só até um ponto da gravidade da doença”, afirma Bruno Gualano , professor da FM-USP e autor do estudo.
Os dados completos da pesquisa, que contou com apoio da FAPESP, foram divulgados em artigo publicado na plataforma medRxiv , ainda sem revisão por pares. A investigação foi conduzida em parceria com o Laboratório de Metabolismo Ósseo, coordenado por Rosa Maria Rodrigues Pereira , também da FM-USP.
A COVID-19 é uma doença viral infecciosa que pode progredir para casos inflamatórios mais graves. Como ainda não existe um medicamento específico para combater o vírus SARS-CoV-2, o tratamento hospitalar consiste em lidar com os vários sintomas da infecção e dar suporte respiratório aos pacientes, se necessário.
Como explica Gualano, a prática de atividade física é reconhecida por seu efeito protetor contra doenças crônicas. Ela também fortalece o sistema imune, prevenindo, parcialmente, algumas doenças infecciosas respiratórias. “O exercício físico tem um efeito sistêmico. Melhora a resposta imune e as condições metabólica e cardiovasculares do indivíduo. Esses fatores podem trazer proteção contra diversos tipos de doenças crônicas e algumas infecciosas também. Mas, quando o quadro se agrava, outros preditores podem ser mais decisivos para o desfecho clínico”, explica o pesquisador à Agência FAPESP.
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