André Julião | Agência FAPESP – As relações entre organismos que vivem na natureza envolvem a produção de uma série de compostos que servem, entre outros fatores, para combater adversários. Plantas, fungos e bactérias são alguns dos seres vivos conhecidos por produzir essas substâncias, aproveitadas pela indústria farmacêutica há tempos para tratamento de diversas moléstias, mas que agora têm sido cada vez mais exploradas na busca por fármacos para as chamadas doenças tropicais negligenciadas. Esse foi o tema da 6ª Conferência FAPESP 60 anos, realizada ontem (17/11) e disponível no YouTube.
“As doenças negligenciadas impactam fortemente as regiões mais pobres do planeta, particularmente as tropicais e subtropicais, geralmente com índices de desenvolvimento humano bastante baixos. Doenças como malária, leishmaniose, Chagas, dengue e chikungunya são alguns exemplos com ocorrência no Brasil. Como a população afetada por essas doenças não apresenta um mercado lucrativo para as grandes empresas farmacêuticas, o investimento em pesquisa e desenvolvimento tem ficado aquém do necessário”, disse Ronaldo Aloise Pilli, vice-presidente do Conselho Superior da FAPESP e professor do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), durante a abertura do evento.
Como resposta a essa falta de incentivos, explanou, a partir dos anos 2000 várias iniciativas público-privadas foram implementadas visando justamente acelerar a pesquisa e o desenvolvimento nessas áreas de saúde pública.
As doenças negligenciadas são um grupo de 20 moléstias causadas por agentes infecciosos como vírus, bactérias, fungos, parasitas, protozoários e toxinas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), essas doenças afetam cerca de 2 bilhões de pessoas no mundo, causando grande mortalidade e incapacidade permanente em homens, mulheres e crianças.
“A próxima década será crucial para o futuro da resposta global a essas doenças. O progresso em relação às metas estipuladas pela OMS até 2030 deverá ser constantemente reavaliado para que a resposta global seja capaz de gerar avanços e se alinhar aos desafios de saúde e desenvolvimento, em sincronia com os esforços para alcançarmos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas”, disse Adriano Andricopulo, professor do Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (IFSC-USP) e mediador do evento.
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