No Ceará, chikungunya matou mais do que dengue na última década

10 de abril de 2023

Julia Moióli | Agência FAPESP – No Ceará, Estado com o maior número de casos de chikungunya (77.418 casos) registrados no país, o número de mortes pela doença nos últimos dez anos foi superior ao da dengue, que é transmitida pelos mesmos mosquitos das espécies Aedes aegypti e Aedes albopictus. Foi 1,3 óbito por mil casos diagnosticados (a taxa de mortalidade da dengue é de 1,1 por mil). A conclusão é do maior e mais abrangente estudo epidemiológico sobre o tema, que acaba de ser publicado na revista The Lancet Microbe. A partir das análises, os pesquisadores envolvidos no trabalho foram capazes ainda de determinar o padrão de disseminação da doença e os fatores de risco que podem servir de base para a elaboração de estratégias efetivas de controle, prevenção e tratamento.

Quando o vírus causador da febre chikungunya (CHIKV) foi introduzido no Brasil, há quase uma década, especialistas em arboviroses (doenças causadas por vírus transmitidos por artrópodes) acreditavam que ele repetiria a dinâmica que já havia apresentado em outros países, como a Índia, por exemplo: uma ou, no máximo, duas ondas curtas e explosivas, com exposição de grande parte da população, seguidas de um hiato considerável de anos. Porém, o que se observa são epidemias consecutivas e recorde de casos nas Américas – mais de 1,2 milhão registrados. É importante lembrar que não há vacinas ou medicamentos disponíveis para prevenir ou tratar a infecção.

Diferentemente da dengue, cujo vírus causador pode apresentar quatro genótipos distintos e, portanto, provocar quatro eventos de contaminação, o CHIKV não deveria causar reinfecções. E, para entender as causas do diferenciado padrão americano de disseminação, pesquisadores do Imperial College (Reino Unido), do Laboratório de Saúde Pública do Ceará, do Ministério da Saúde, das universidades Estadual de Campinas (Unicamp), de São Paulo (USP) e Federal de Roraima (UFRR) e da University of Texas Medical Branch (Estados Unidos) se debruçaram sobre dados de sequenciamento genômico, de distribuição de vetor e informações epidemiológicas de casos confirmados.

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