Pedaço não letal do antraz tem ação analgésica e atua diretamente nos neurônios sinalizadores da dor

1 de fevereiro de 2022

Maria Fernanda Ziegler | Agência FAPESP – Quando submetidas a ambientes hostis, as bactérias da espécie Bacillus anthracis desenvolvem esporos ricos em uma toxina conhecida como antraz – capaz de causar úlceras na pele, problemas gastrointestinais e respiratórios nos indivíduos expostos, levando à morte em poucas horas. Graças a esse potencial letal, o antraz foi transformado em arma biológica.

Mas os dias de vilão do antraz podem estar contados. Em estudo recentemente publicado na revista Nature Neuroscience, pesquisadores da Universidade Harvard (Estados Unidos) e da Universidade de São Paulo (USP) mostraram que um componente não letal da toxina tem alto poder analgésico e atua diretamente nos neurônios sinalizadores da dor. Por se ligar a um receptor desses neurônios, esse pedaço do antraz pode ainda ser usado como um carreador capaz de levar outras substâncias analgésicas até as células neuronais.

“Não era esperado que o antraz pudesse ter efeito analgésico diretamente nos neurônios da dor. Isso ocorre porque um dos receptores das células neuronais relacionadas à dor tem alta afinidade com essa toxina. A ideia agora é usar esse pedaço não letal da toxina e associá-lo a outras substâncias para obter um efeito específico nos neurônios. Em tese, ele pode ser usado como um carreador para transportar compostos ativos até essas células neuronais, que costumam ser difíceis de serem alcançadas”, explica Thiago Mattar Cunha, integrante do Centro de Pesquisa em Doenças Inflamatórias (CRID) e coautor do estudo.

O CRID é um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP sediado na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP).

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