O Seminário Científico de Março foi apresentado pelo Professor Esper Georges Kallás. Ele mostrou os estudos conduzidos pelo seu grupo de pesquisa sobre prognósticos e novos tratamentos da doença
Com o auditório cheio, e muito interesse da plateia pelo tema, o professor e médico infectologista Esper Georges Kallás, apresentou o seminário “Febre Amarela: Apresentação clínica, fatores prognósticos e desenvolvimento de novas terapias” na última quarta-feira, dia 13 de março. Um dos maiores nomes da pesquisa em HIV do país, Kallás tem se dedicado, nos últimos anos, a estudos sobre a febre amarela, em especial depois dos surtos que ocorreram entre 2016 e 2018 em todo o mundo.
Segundo Kallás, embora seja uma doença antiga, e com uma cobertura ampla de vacinação, a doença tem alto grau de letalidade: apenas em São Paulo, entre dezembro de 2017 e maio de 2018, de 537 casos confirmados, ocorreram 183 óbitos. “Um número elevado para os padrões do estado”, destacou o Professor Titular do Departamento de Moléstias Infecciosas da FMUSP e líder do grupo de pesquisa do LIM 60 (Laboratório de Imunologia Clínica e Alergia).
O deslocamento do vírus, transmitido por macacos em áreas silvestres, vinha sendo acompanhado por pesquisadores que já estavam prevendo a explosão de casos na região metropolitana de São Paulo. Isso permitiu certa agilidade não apenas no atendimento aos infectados como nas pesquisas realizadas pelos grupos da Faculdade de Medicina da USP e do Instituto de Infectologia Emílio Ribas.
Novas fronteiras
Os achados laboratoriais, apresentados durante a palestra de Kallás, permitiram ao grupo de estudo encontrar alguns fatores preditores de mortalidade, como a idade, a alta carga viral e marcadores biológicos que ajudam a prever os casos mais graves da doença que começa com sintomas muito característicos: febre, calafrios, cefaleia, dores na lombar, enjoos e vômitos.
O professor apresentou dois estudos em andamento com medicamentos que podem, futuramente, ajudar no tratamento da doença e reduzir o alto índice de mortalidade da febre amarela. Um deles é o Sofosbuvir, utilizado no tratamento de Hepatite C, e o outro é Galidesivir, droga antiviral que pode ser usada contra mais de vinte tipos de vírus. Estima-se que cerca de 40% das pessoas que desenvolvem a doença vão a óbito, e apenas 20% dos infectados não apresentem sintoma algum.
A vacina continua sendo a principal forma de prevenção. “No entanto, é preciso considerar que há pessoas que não podem tomar a vacina”, destacou Kallás. “E também existe um movimento crescente antivacinação”. Daí a necessidade de avançar em novas possibilidades de cura.
Os Seminários Científicos são organizados pela Comissão Científica e pela Diretoria Executiva dos Laboratórios de Investigação Médica (LIMs). São realizados sempre na segunda quarta-feira do mês e contam com palestrantes de áreas diversas da pesquisa científica dos LIMs.
Débora Rubin | Comunicação LIMs

Professor Esper G. Kallás durante sua apresentação sobre a febre amarela (Foto: Área de Comunicação Institucional dos LIMs)

Casa cheia para ouvir as novidades sobre prognóstico e tratamento de febre amarela (Foto: Área de Comunicação Institucional dos LIMs)