O seminário científico desse mês terá como palestrantes convidadas duas pesquisadoras do laboratório de Imunohematologia e Hematologia Forense (LIM 40), a professora do Departamento de Medicina Legal, Ética Médica e Medicina social e do Trabalho da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), Vilma Leyton, e a doutora em Ciências pela FMUSP, Fernanda de Toledo Gonçalves. A exposição intitulada “LIM/40: Pesquisas recentes na Área Forense” será realizada no próximo dia 11, às 11h30.

Seminário científico do mês de outubro vai abordar as áreas de Toxicologia e DNA forenses. (Foto: Pixabay).
O LIM 40 se divide em dois laboratórios com duas linhas de trabalho que se complementam: a de Toxicologia Forense e a de DNA Forense. A professora Vilma Leyton conta, que para o desenvolvimento dos projetos do laboratório, a equipe de Toxicologia tem parcerias com instituições nacionais como o IML (Instituto Médico Legal-SP), Polícia Rodoviária Federal, pesquisadores do Instituto de Ortopedia e Traumatologia da FMUSP (IOT), Departamento de Medicina Preventiva FMUSP, INCOR e Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, além de colaboração com grupos estrangeiros, como a Johns Hopkins e Hospital da Universidade de Oslo, na Noruega. “Nosso grupo visa a prevenção de acidentes relacionados ao uso de álcool e outras substâncias psicoativas como drogas ilícitas e medicamentos, assim como o desenvolvimento de novos métodos de análises para verificação de uso dessas substâncias. Nosso intuito é poder contribuir com dados, através de publicações científicas, para que possam ser utilizados para nortear políticas públicas de prevenção que visem a redução do uso de álcool e/ou outras drogas e, consequentemente, a diminuição do número de acidentes de trânsito, por exemplo”, explica a pesquisadora.
Leyton declara que, na apresentação, vai abordar alguns dos trabalhos do laboratório que o grupo vem desenvolvendo sobre a prevalência do uso de álcool e drogas ilícitas por caminhoneiros e motociclistas em urina e fluido oral (saliva), dados pouco existentes no Brasil, e um projeto em desenvolvimento sobre os fatores associados às hospitalizações (incluindo o uso de drogas, custos entre outros) de pacientes atendidos no Pronto Socorro Central do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas).
Ela também afirma que vai abordar sobre as atividades da equipe na cidade de São Paulo junto à Iniciativa Bloomberg para Segurança Global no Trânsito (Bloomberg Initiative for Global Road Safety – BIGRS) que faz parte da “Década de Ações para a Segurança no Trânsito 2011-2020”, declarada pela ONU como proposta de redução de mortes decorrentes de acidentes de trânsito e com o objetivo de salvar 5 milhões de vidas no período. “Nosso grupo foi convidado pela Johns Hopkins [Universidade, localizada em Baltimore, nos Estados Unidos] para realizar estudos observacionais sobre os cinco principais fatores de risco para a ocorrências de acidentes na cidade de São Paulo. Desde 2015, nosso grupo avalia esses fatores (velocidade, uso do cinto de segurança, equipamentos de retenção para crianças, uso de álcool e uso de capacete por motociclistas). Se houver cumprimento da lei referente a esses fatores, sem dúvida, poderá haver uma redução considerável nos acidentes. Nossa equipe faz as observações em seis lugares selecionados na cidade, duas vezes por ano e os dados são estudados pela Johns Hopkins que, junto com os gestores de trânsito do município de São Paulo, trabalham com ações que visam a prevenção de acidentes. Então esse projeto é muito importante”, declara.
Sobre a área de DNA forense, Fernanda de Toledo Gonçalves conta que no evento vai abordar as linhas de pesquisa trabalhadas no laboratório e a interação desses estudos em trabalhos de outras áreas da Medicina. “Nós fazemos exames de identificação humana, utilizando metodologias como em qualquer outro lugar do mundo, e esses exames de identificação humana podem ser usados para outras finalidades que ajudam dentro da área médica”, declara a pesquisadora científica do LIM 40.
Gonçalves afirma que vai abordar estudos desenvolvidos em parceria com o ICESP (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo), nos quais a equipe de DNA Forense realiza os testes de identificação humana pelo DNA em amostras tumorais emblocadas em parafina e compara o perfil do tumor com o sangue do paciente, ajudando na determinação da origem do tumor, o que permite a realização de um tratamento quimioterápico específico ao indivíduo.
A pesquisadora também destaca que o laboratório desenvolve, desde 2004, o projeto Caminho de volta, que atende familiares de crianças e adolescentes desaparecidos, após o registro de um boletim de ocorrência, e que esses familiares são convidados a participarem de um Banco de DNA cível para possível confronto com o material biológico de crianças ou adolescentes (vivas ou mortas), que possam ser encaminhados ao Projeto por alguma autoridade. Gonçalves também afirma que a equipe tem outros projetos de pesquisa na área forense, como o Projeto de DNA de toque, que visa auxiliar o trabalho da polícia Técnico Científica na obtenção de perfil genético proveniente de impressão digital incompleta encontradas em diferentes materiais deixados na cena do crime.
O evento será realizado no Anfiteatro de Parasitologia – 2º andar, sala 2303 – da FMUSP, localizada na Av. Dr. Arnaldo, 455, Cerqueira César, São Paulo. Os seminários científicos visam a interação entre as unidades laboratoriais e são uma organização da Comissão Científica e da Diretoria Executiva dos Laboratórios de Investigação Médica (LIMs). Mais informações pelo e-mail ccientifica.lims@hc.fm.usp.br.