Seminário LIMs de junho aborda a medicina diagnóstica de precisão

3 de junho de 2019

Seminário LIMs de junho aborda a medicina diagnóstica de precisão

Professor e pesquisador do LIM 43 mostra como os exames de imagem molecular vêm ajudando a detectar doenças de forma mais precisa e precoce

Exames cada vez mais sofisticados têm permitido diagnósticos cada vez mais precisos e precoces, em especial aqueles que fornecem imagens moleculares. No Seminário Científico de junho, Carlos Alberto Buchpiguel, professor titular do Departamento de Radiologia e Oncologia da Faculdade de Medicina da USP, vai mostrar o que há de mais moderno e promissor nessa área, além dos impactos, benefícios, custos e desafios da medicina diagnóstica de precisão.

Tomografia por emissão de pósitrons (PET), exame que capta imagem molecular, é muito usado para diagnósticos de câncer (Crédito: Bokskapet/Pixabay)

A evolução da medicina diagnóstica acompanha a própria evolução da medicina. Até alguns anos atrás, os diagnósticos por imagem eram quase exclusivamente baseados nas alterações anatômicas e/ou estruturais que a doença causava nos diferentes órgãos e tecidos do corpo humano.  Na sequência, os métodos evoluíram detectando as doenças através das modificações fisiológicas que as mesmas produziam no corpo humano.

“O que se foi percebendo ao longo dos anos é que muitas das doenças são inicialmente causadas por alterações moleculares e biológicas, antes mesmo que modificações estruturais possam ser detectadas”, explica Carlos Alberto Buchpiguel, que também é diretor do Serviço de Medicina Nuclear e Imagem Molecular do Instituto de Radiologia (InRad) e responsável pelo Laboratório de Medicina Nuclear (LIM 43).

“As doenças, no geral, têm uma base molecular forte, seja na concentração em quantidades excessivas de uma proteína anômala no cérebro (como acontece na doença de Alzheimer), seja no aumento ou diminuição da expressão de um receptor de membrana que é específico para controlar a atividade de um determinado tumor”.

Através do uso de marcadores moleculares, é possível, com o uso de exames sofisticados de imagem como a PET (Tomografia por emissão de pósitrons) localizar e entender melhor a doença. Quando combinado com exames como a CT (Tomografia computadorizada), o diagnóstico se torna ainda mais preciso, propiciando tratamentos personalizados.

Há até um termo específico para uma nova aplicação da medicina nuclear conhecido como Teranóstica – terapia baseada em diagnóstico molecular específico. Importante lembrar que esse conceito não é restrito apenas à área de diagnóstico por imagem molecular, mas também no campo da biologia e diagnóstico molecular, que tem avançado muito nos últimos anos na personalização do tratamento oncológico. A combinação PET + CT é muito usada para diagnósticos de câncer, mas também pode trazer valor no diagnóstico de doenças cardíacas e neurológicas.

“Claro que existem outras formas de detectar as alterações celulares, como a biópsia. No entanto, ela é limitada porque é invasiva e, em alguns casos, como em metástases disseminadas é impossível obter amostra de todos os focos de envolvimento tumoral”, explica o professor. “A medicina diagnóstica de precisão é uma volta ao conceito de Hipócrates, de ser o mais certeiro possível para aquele paciente, para aquela determinada doença”, diz Buchpiguel.

Hoje, segundo o pesquisador, diagnósticos e tratamentos ainda são feitos por amostragem de grandes grupos populacionais, método que, de forma inerente, abarca um grande componente de heterogeneidade biológica embutido nos resultados, padronizando o atendimento aos pacientes.

Diagnóstico de Alzheimer

O uso do PET foi fundamental em um Projeto Temático realizado recentemente na FMUSP, que agrupou diferentes LIMs na validação do diagnóstico por imagem molecular da doença de Alzheimer. Os pesquisadores implantaram de forma inédita no Brasil uma metodologia capaz de mapear o acúmulo de peptídeo beta-amiloide no cérebro humano por meio da tomografia por emissão de pósitrons (PET). Em pacientes com Alzheimer, esse peptídeo se agrupa de forma anômala e promove a deposição de placas no córtex cerebral.

Coordenado pelo Prof. Geraldo Busatto Filho, responsável pelo LIM 21 (Laboratório de Neuroimagem em Psiquiatria), o temático com apoio da FAPESP teve ainda a participação do professor Buchpiguel (LIM 43), do grupo da Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Hospital das Clínicas da FMUSP, capitaneado por Ricardo Nitrini, e do grupo do Ambulatório de Psiquiatria Geriátrica do LIM 27 (Laboratório de Neurociências), liderado por Orestes Forlenza. Leia mais aqui.

 

Serviço

Seminário Científico de Junho

“Imagem molecular na era da medicina de precisão”

Dia 12/06 | 11h30

Sala 2370 | Faculdade de Medicina da USP

 

 

Débora Rubin | Comunicação LIMs


Desenvolvido e mantido pela Disciplina de Telemedicina do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da USP