André Julião | Agência FAPESP – O Ministério da Saúde conta hoje com mais de 800 sistemas que controlam vários aspectos da pasta. Como cada vez mais os atendimentos são feitos em prontuários eletrônicos, milhares de dados sobre a evolução das doenças em muitos brasileiros estão armazenados. Ter essas informações organizadas e acessíveis, portanto, poderia tornar o Brasil uma liderança em inteligência artificial aplicada à medicina, poupando recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) e também de pesquisa.
A análise foi feita por Ester Sabino, professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP), em palestra apresentada no dia 09 de novembro, durante evento da série “A Ciência no Desenvolvimento Nacional”.
Organizado pela Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp) e pela FAPESP, o webinário – intitulado “Saúde humana e os desafios globais das doenças crônicas e infeciosas” – marcou o lançamento do sexto capítulo do livro produzido pela Aciesp em comemoração aos 60 anos da Fundação.
Segundo a pesquisadora e coautora do capítulo, o Departamento de Ciência e Tecnologia (Decit) do Ministério da Saúde publicou em 2018 a Agenda de Prioridades de Pesquisa, mas falta uma integração com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) para pensar em pesquisas de ponta que poderiam ser feitas. Um passo importante seria integrar os dados e torná-los disponíveis à comunidade acadêmica.
“O SUS poderia dar um apoio enorme, uma vez que atualmente está limitado pela dependência tecnológica. Hoje tudo precisa ser importado ou a tecnologia necessária sequer foi desenvolvida. Uma vez que nos Estados Unidos, por exemplo, não existe um sistema de atenção primária, nem se pensa em torná-lo mais funcional. Por isso, fomentar esse tipo de pesquisa no Brasil é fundamental. Por outro lado, o cientista no Brasil sabe pouco sobre como funciona o sistema de saúde do país”, afirmou Sabino.
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