Pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) participaram da primeira edição do programa de aceleração de tecnologias ASTRO — Applied Science Trail Roche para o desenvolvimento da Plataforma de Triagem de Compostos Neuroativos
Pesquisa para Inovação (projetos de pesquisa com parceria entre empresas e Instituições de Ensino Superior) recebeu 9,5% dos investimentos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) em 2018. Pesquisas para o Avanço do Conhecimento recebeu por 51% dos investimentos, seguida por Recursos Humanos para Ciência e Tecnologia (24%), Apoio à Infraestrutura em Pesquisa (10%) e também Pesquisa em Temas Estratégicos (4,5%) e Difusão, Mapeamento e Avaliação de Pesquisas (1%). Os dados fazem parte do Relatório de Atividades FAPESP 2018.
“O Brasil não apresenta tradição em parcerias academia—empresa, mas a USP [Universidade de São Paulo] tem adotado posturas de vanguarda neste aspecto e incentivado as interações com as empresas para a comercialização dos produtos gerados na academia para auxiliar a sustentabilidade da pesquisa científica, visando benefícios para a sociedade”, afirma a coordenadora do Laboratório de Biologia Molecular e Celular (LIM 15) e professora associada do Departamento de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) Suely Kazue Nagahashi Marie.
Em 2018, os pesquisadores Amalia Dolga, Bart Eggen, Marina Lima e Sueli Oba–Shinjo e Suely Kazue Nagahashi Marie participaram da primeira edição do programa ASTRO — Applied Science Trail Roche. Na próxima quarta–feira (11/09), o tema será tratado no seminário científico ASTRO — Programa de Aceleração de Tecnologias da Roche GlialTRIX: Plataforma de Triagem de Compostos Neuroativos. Para se inscrever, clique aqui.
O programa promovido pela empresa farmacêutica Roche contribuiu para o desenvolvimento de um plano de negócio, tendo em vista as demandas do mercado e também os pré–requisitos de propriedade intelectual e de regulamentação. No segundo semestre de 2019, a pesquisadora Marina Lima está na Universidade de Groningen para a conclusão da Plataforma de Triagem de Compostos Neuroativos que estava em fase inicial de produção no ano anterior.
O grupo de pesquisa do LIM 15 se dedica ao estudo do cérebro humano há mais de vinte anos com o objetivo de entender os mecanismos de patologias do Sistema Nervoso Central, incluindo doenças neurodegenerativas e tumores. As patologias do Sistema Nervoso Central apresentam um grande impacto na qualidade de vida e na sobrevida dos pacientes, com tratamentos que muitas vezes são caros ou limitados para a população.
A doença degenerativa do Sistema Nervoso Central mais frequente na sociedade ultimamente é o Alzheimer. Estimativas da Alzheimer’s Disease International apontam que a cada 3 segundos um caso de demência é reportado ao redor do mundo. O relatório World Alzheimer Report 2018 — The State of Art of Dementia Research: New Frontiers indica também que 50 milhões de pessoas viviam com demência em 2018, com aumento de mais de 60% (82 milhões de pessoas) até 2030. Os custos com a demência totalizavam 1 trilhão de dólares em 2018, com crescimento de 100% (2 trilhões de dólares) nos próximos vinte anos.
“Os compostos neuroativos atuam no Sistema Nervoso Central com potencial indicação para uso terapêutico em doenças neurológicas, incluindo doenças neurodegenerativas. Um dos problemas adicionais para se obter uma boa droga de ação terapêutica no Sistema Nervoso Central é a presença da barreira hemato–encefálica que bloqueia a entrada de compostos, substratos e patógenos para o interior do parênquima cerebral [o principal tecido do cérebro] Os compostos neuroativos deverão ser permeáveis para que possam exercer a sua função terapêutica”, explica Suely Kazue Nagahashi Marie.
Marília Carrera | Comunicação LIMs